Alguns dias atrás me deparei com este post (https://goo.gl/m91D9U) compartilhado por um amigo. Para quem não tiver paciência de clicar no link, vai um TLDR: o post é uma imagem que diz: "Quem tem renda mais alta poderá ter que pagar mais para cursar universidade pública" e o texto da imagem é "De acordo com o projeto, pessoas com renda familiar acima de 30 salários mínimos pagariam anuidade calculada conforme o custo médio por alunos."
Bom...
por onde começar? São tantas "bolas fora" que o senador Marcelo
Crivella (PRB-RJ) deu de uma vez só, que fiquei espantado na primeira vez
que vi o post. Pensei: "É coisa do Joselito Müller, só pode ser.". Para meu
espanto, era de fato a página do Facebook do Senado e o projeto é legítimo e pode vir a
ser aprovado. Segundo consta neste link (http://goo.gl/sXTPEb), a
proposta deve passar nas comissões de Constituição, Justiça e Cidadania
(SSJ) e de Educação, Cultura e Esporte (CE).
Quero
começar refutando alguns comentários que vi no post original. Sempre
tive o hábito de dividir minhas respostas em partes, para ficar mais
claro. Lá vai:
# Comentário 1:
"Por
mim nem cursavam a faculdade pública, que deve ser majoritariamente
preenchida para quem não tem condições de pagar o ensino superior.
Faculdade para todos é ilusão."
Esta
frase está certa e errada ao mesmo tempo. Para falar a verdade, depois
do primeiro "." ela está certa. Antes, completamente errada.
Vamos
começar definindo o que é "patrimônio público" ou "serviço público".
Algo que é "público" é para ser usado por todos, sem distinção. Aquilo
já foi pago. O imposto para fornecer aquele serviço já foi recolhido e
TEORICAMENTE aplicado na prestação do dito (convenhamos, no Brasil temos
"fontes de recolhimento" de sobra).
Vou
utilizar uma analogia feita pelo Danilo Gentilli no seu DVD
"Politicamente Incorreto": "ter que pagar escola pública
obrigatoriamente de um lado e escola particular de outro, é como
contratar uma prostituta, pagar adiantado, e na hora de tirar a roupa,
você percebe que a calcinha dela sai somente se você inserir moedas". É
exatamente isso. O Estado te fornece um serviço porco de um lado, e te
culpa por ter tido a capacidade de contratar um serviço melhor. É o
cúmulo!
Agora
pulando para a parte onde o cidadão acertou: "Faculdade para todos é
ilusão.". De fato. Mas ainda assim o Estado tenta de forma artificial e
forçada, através de cotas e afins, inserir pessoas no meio acadêmico,
que na verdade não teriam a menor capacidade de estar naquele lugar.
Imagine alguém que estudou a vida inteira em escola pública, sendo
"passado adiante" por todos os professores. De repente se depara com um
professor de universidade federal que não dá a mínima para os alunos. O
que vai acontecer com essa pessoa? Boa parte desiste. E o que acontece
com o outro candidato que teve que ceder a vaga a um cotista? Que de
fato estaria preparado para o meio acadêmico? Ficou chupando dedo.
# Comentário 2:
"Teve dinheiro p pagar escolinha particular a vida toda, tem dinheiro p pagar faculdade tb"
Dinheiro
nasce em árvore? Dinheiro brota em conta de banco? Dinheiro aparece na
carteira do nada? Meu velho, tenho experiências próximas de mim que são
verdadeiros exemplos. Gente que trabalhava das 7 da manhã até as 22
horas para dar uma vida digna para seus filhos. Gente que não reclamava
de deixar de lado licença maternidade pra poder trabalhar mais e dar
mais qualidade de vida para os filhos. Mas isso é assunto para outro post,
não vou entrar neste assunto.
Não
sei sobre o leitor, mas sei sobre minha história: quem pagou meus
estudos se ferrou MUITO na vida para poder me dar tudo do bom e do
melhor. Fez das tripas o coração para que eu pudesse somente focar minha
atenção nos estudos, sem ter que me preocupar em trabalhar ou fazer
qualquer outra coisa. E por isso sou muito grato. É algo que as pessoas
invejosas da esquerda não conseguem ter: gratidão. É daí que surge a
"esquerda caviar", tão mencionada por Rodrigo Constantino. Acham que as
riquezas de seus pais ou avôs surgiram do nada e não foram adquiridas
com dificuldade.
Ah, tive
dinheiro para pagar "escolinha particular" a vida toda, com certeza.
Fiz isso voluntariamente. Mesmo o Estado me roubando diariamente para
manter o ensino público, recusei este serviço (tenha em mente: chamar
serviço público de "serviço", é uma ofensa ao termo, mas continuarei
usando para melhor entendimento). Hoje em dia, estudando em universidade
particular, o mesmo Estado continua me roubando para sustentar o estudo
de outros. E OK, é algo que não conseguiremos nos livrar jamais, tendo
em vista a visão poluída de "serviço" que a Esquerda deixou em nossos jovens e
(agora) adultos. Teremos que conviver com a falácia dos "serviços
públicos gratuitos e de qualidade" durante um bom tempo ainda.
Estava eu ponderando um dia desses... nós podemos ter algo
público paralelo ao privado. O serviço público pode existir. DESDE QUE o
Estado não atrapalhe no meio privado. Se o Estado não quiser ajudar a
iniciativa privada, ok... teremos que lidar com isso. Mas pelo menos que
não atrapalhe!
# Comentário 3:
"estudam
em escolas partculares do maternal ate o ginasio com ensino
privilegiado laboratorios padrão nasa , fazem cursinho em harvard pre
vestibular em cambridge intensivão em oxford e depois ocupam vaga em
Faculdade publica e tem socialista socialite que acha ruim o projeto"
Percebem
a ingenuidade do cidadão? Como ele é prontamente rápido ao atacar os
opositores do projeto? Isso tudo sem se dar conta de que o próprio
Estado é o culpado! O Estado fornece um serviço porco, tenta remediar
através de cotas, não consegue. Tenta sustentar seu serviço, não
consegue, tenta cobrar duplamente dos que "tem demais". É falha atrás de
falha. Como disse Milton Friedman: "Se colocarem o governo federal para
administrar o deserto do Saara, em cinco anos faltará areia". É
exatamente isso. O Estado não é um bom administrador de recursos. Não
sabe como fazer seus recursos renderem ao máximo e economizar mão de
obra. Quer apenas ficar mais inchado e tornar as pessoas mais
dependentes dele do que nunca.
Acredito que de comentários isso esteja de bom tamanho, agora para o PL (PLS 782/2015) em si.
Algo
que vejo pouca gente apontando (o que me preocupa muito) é que o óbvio
não é falado: o povo que obteve prosperidade está sendo condenado por
isso. Pare. Reflita. Percebe o quão absurdo é isso? Quão nefasta é essa
lógica? Sigam-me os bons: qual o benefício de tentar obter conforto
econômico se o Estado vai te roubar cada vez mais por conta disso? Por
que as pessoas sequer tentariam economizar dinheiro e ter um bom salário
se elas vão ser ainda mais roubadas? O Estado está basicamente dizendo:
“tome cuidado… se você tiver muito sucesso, eu vou fazer o possível
para que você volte ao estágio anterior e retorne para sua vida
medíocre”. Se você tentar melhorar, vai ser punido de todos os lados, e
ainda por cima vai ter que aguentar pessoas dizendo que você teve
“sorte” e que “nasceu em berço de ouro”.
EM BREVE: farei a refutação completa do PL.
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