domingo, 1 de maio de 2016

Michel Temer, o Mauricio Macri brasileiro?

Há algum tempo atrás foi "vazado" um áudio no qual Michel Temer discursa como já soubesse que de fato será presidente. Não irei entrar no mérito de teorias da conspiração.

Pois bem, é um áudio de 15 minutos e eu pretendo avaliar as frases dele neste post e dar meu parecer.

Sem mais delongas, este é o link do YouTube que usarei para referência: https://www.youtube.com/watch?v=NXbi62TmsOI (canal da Rachel Sheherazade).

4:40 - "e em terceiro lugar, para não enganar ninguém, a ideia de que nós vamos ter muitos sacrifícios pela frente, sem sacrifícios nos não conseguiríamos também avançar para retomar o crescimento e o desenvolvimento que faltavam a atividade no nosso pais nos últimos tempos antes desta ultima gestão."

por "sacrifícios", como mencionei anteriormente, creio que Temer vá cortar alguns "direitos trabalhistas". Pela última gestão, como mencionado pelo próprio Temer, foram dados muitos "direitos", que na verdade serviram como obstáculo e atraso para o mercado. 

6:04 - (a ironia - para quem não entendeu: "64") "nós temos absoluta convicção de que é preciso prestigiar a iniciativa privada e é preciso que os empresários do setor industrial, do setor de serviços, do setor agrícola, do setor do agronegócio, portanto dos vários setores da nacionalidade se entusiasmem novamente com estes investimentos."

aqui, Temer mostra claramente sua confiança na iniciativa privada. Não é nem de longe o discurso que eu gostaria de ouvir. Gostaria de ouvir algo muito mais agressivo e liberal de fato, mas é compreensível, afinal de contas, ser um liberal hoje em dia, ou sequer ser de Direita no Brasil é considerado crime.

6:37 - "estou pensando em manter as conquistas sociais obtidas nos últimos tempos, por exemplo: o emprego é uma coisa fundamental para todos os brasileiros. Para que haja emprego, é preciso que haja uma conjugação dos empregadores com os trabalhadores. Você só tem emprego se a indústria, o comércio, as atividades e serviços todas, estiverem caminhando bem, é a partir daí que você tem emprego, e com isso você pode retomar o emprego"

mais alguns indícios de que os "direitos" - aqueles que dificultam demissões - dos trabalhadores serão extintos. Pelo que entendo, ele vai fazer algo para movimentar mais o mercado. Tornar demissões e admissões mais dinâmicas. Talvez algum tipo de desoneração ou facilitação na hora de abrir novas empresas. Quem sabe ambos.

7:47 - "o Bolsa Família, por exemplo, há de ser um estágio do Estado brasileiro. Daqui alguns anos é possível que a empregabilidade tenha atingido um tal nível que não haja mais necessidade do Bolsa Família, mas isto enquanto persistir a necessidade, nós manteremos."

esta parte me agradou muito. Temer interpreta o Bolsa Família pelo que realmente é: um estágio. Pessoas esbravejam, vociferam sobre o Bolsa Família como se fosse uma grande coisa. Temer tem uma outra visão sobre o assunto. Promover algo que faça uma diferença de fato lá pra frente. Certamente o Bolsa Família ajuda a família X no mês presente. Mas e no próximo mês? Quem vai tomar conta desta mesma família? O Bolsa Família novamente? Até quando o Estado colocará coleiras nas pessoas, as impedindo de trabalhar? Um bom começo seria a extinção total da CLT. Se não isso, pelo menos do seguro-desemprego e do salário mínimo. Estaríamos melhor do que hoje.

8:25 - "é claro que nós vamos incentivar enormemente as parcerias público-privadas *engole em seco*, na medida que isto pode trazer emprego ao país, nós temos absoluta convicção de que hoje mais do que nunca o Estado não pode tudo fazer, o Estado depende da atuação dos setores produtivos do país, empregadores de um lado, trabalhadores de outro lado. Estes setores produtivos é que aliançados vão fazer a prosperidade do Estado brasileiro. O Estado brasileiro tem que cuidar de segurança, da saúde, da educação, enfim, de alguns temas fundamentais que não podem sair da órbita pública, mas o mais tem que ser entregue a iniciativa privada. Iniciativa privada no sentido da conjugação da ação entre trabalhadores e empregadores, e neste particular, nós pretendemos fazer várias reformas que incentivem esta harmonia entre estes dois setores da produção brasileira. Tudo isto que estou a dizer significará, devo registrar, sacrifícios iniciais para o povo brasileiro, em primeiro lugar. Em segundo lugar, não quero gerar nenhuma expectativa falsa. Não pensemos, que se houver uma mudança de governo, em três, quatro meses, estará tudo resolvido. Em três, quatro meses, pode começar a ser encaminhado, para resolvermos a matéria ao longo do tempo."

gostaria de explicar, primeiramente, a parte do "engole em seco". Falar "iniciativa privada" no Brasil é considerado palavrão. É feio defender o capitalismo malvadão liberal em um país que é feito, em sua maioria, de capitalismo de Estado. É lógico que Temer deve mostrar cautela ao lidar com um tema tão polêmico (que na verdade não deveria ser polêmico para começo de conversa) como livre mercado e iniciativa privada quando fala ao publicamente.

Conversando com um amigo, ele se mostrou preocupado com esta primeira frase. Ele pensa que deu a entender que por "público-privadas", Michel Temer quis dizer que as empresas privadas vão ser mais fiscalizadas do que já são e a oneração irá subir para níveis altíssimos. Pedi para que ele refletisse sobre o seguinte: com tudo que Temer já falou, sobre os sacrifícios, em defesa do fim do Bolsa Família (ainda que implícito), realmente crê que ele quer mais Estado? O que ele quis dizer com esta parceria "público-privada" é que vai começar a vender partes (se não tudo) de estatais. Pequenas partes de interesse das grandes empresas estatais começarão a ser vendidas para gerências privadas. E isso é muito bom. O Estado nunca foi um bom administrador de recursos, tendo em vista que sua fonte de arrecadação é infinita (nosso bolso).

Temer também admite algo muito difícil para um estadista hoje no Brasil. Principalmente para um homem de Estado. admite que "o Estado não pode tudo fazer". Percebem que isto nunca foi dito por ninguém do PT nem seus aliados? Na visão do PT e da Esquerda em geral, o Estado é o soberano, ou como diria Dâniel Fraga, o "Estado-babá". Temer finalmente reconhece que o Estado não precisa estar metido em todos os lugares nas vidas privadas das pessoas. Finalmente temos um estadista que reconhece que o Estado não tem a necessidade de se enfiar em tudo, principalmente na economia e no mercado.

Ao dizer "O Estado brasileiro tem que cuidar de segurança, da saúde, da educação", Temer quase atinge a frase que soaria perfeita para um liberal. Um liberal moderado como eu (me considero anarcocapitalista, mas para fins de Brasil, a nomenclatura de liberal moderado basta) pode aceitar este tipo de Estado. Cuide da segurança, da saúde e da educação. O mercado e os trabalhadores cuidam do resto. Apesar de repudiar a ideia de Estado, conseguiria conviver, fosse esse o caso.

Ao dizer "Tudo isto que estou a dizer significará, devo registrar, sacrifícios iniciais para o povo brasileiro, em primeiro lugar.", apenas é reiterado o que foi comentado no início. Estes "sacrifícios" podem significar cortes na CLT, modificações em "direitos trabalhistas", demissões, enfim. Coisas que não irão agradar muita gente. Mas novamente, como mencionei em meu outro post, a solução liberal pode não ser a melhor a curto prazo e muita gente vai fazer cara feia, mas pelo menos não vai resultar em um desastre como aconteceria caso fosse instalado o método esquerdista socialista de sempre.

"Em segundo lugar, não quero gerar nenhuma expectativa falsa. Não pensemos, que se houver uma mudança de governo, em três, quatro meses, estará tudo resolvido. Em três, quatro meses, pode começar a ser encaminhado, para resolvermos a matéria ao longo do tempo.""

Como é bom estar certo, não é mesmo? O que eu falei naquele meu post sobre o dólar e os petistas? Que não se conserta um país da noite pro dia. Buenas, nosso vice-presidente acaba de falar a mesma coisa. Não achem os petistas que, caso Dilma caia, no dia seguinte estaremos em um mundo de unicórnios com a economia perfeita e o mundo será um mar de rosas. Acredito que Temer foi até muito otimista em sua avaliação destes três, quatro meses. Neste período de tempo, pode-se começar a pensar no que fazer. Para começar a consertar, cerca de um ou dois anos. Para estar consertado de fato? No mínimo uns 5, 6 anos. Isso tudo sendo extremamente otimista e tomando como base que nosso futuro governante tenha pelo menos princípios liberais de economia.

Enfim, Temer falou o que nunca era falado há tempos no Brasil e que todos da Direita moderada, liberal esperavam sair da boca de um governante: redução do Estado. Há quanto tempos estávamos esperando para que algum político grande saísse do armário e realmente falasse que o Estado há de diminuir, contra-partida teríamos a ruína do país

Sempre gosto de manter o ceticismo em tempos como estes, mas devo confessar que estou mais esperançoso do que nunca.

 Por hoje é isso meus amigos. Aguardaremos... não sei por quanto tempo.

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